sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Crise Econômica e a Política de Parcelamento de Salários nos Estados e Municípios


CRISE ECONÔMICA E A POLÍTICA DE PARCELAMENTO DE SALÁRIOS NOS ESTADOS E MUNICÍPIOS

A crise política que assola o Brasil esta fazendo com que vários estados e municípios atrasem os salários do funcionalismo público. Infelizmente esta é a realidade de muitas cidades brasileiras.

Mas será que o atraso de salários é uma necessidade real ou apenas uma estratégica político-econômica visando preparar os trabalhadores para mudanças ainda mais nefastas?

Como exemplo, cito a cidade de Cachoeirinha.

Cachoeirinha é uma cidade do Rio Grande do Sul localizada na região metropolitana de Porto Alegre.

Entre os 497 cidades gaúchas, o município é o 12º maior PIB do estado, sendo o 6ª em arrecadação de impostos. Só de ICMS a cidade arrecadou 90,217 milhões em 2015. Dados que demonstram que a cidade é uma das mais ricas do estado gaúcho.

Por outro lado, a cidade é a 16ª em habitantes, população que esta distribuída em apenas 43.766 km², número que faz com que seja o 7º menor município em extensão no estado.  

Para os padrões do Rio Grande do Sul, Cachoeirinha é uma cidade muito pequena do ponto de vista geográfico, mas gigante do ponto de vista econômico.

Mesmo assim, o prefeito da cidade, sr. Vicente Pires do PSB, está atrasando o salários dos funcionários da cidade. Alegação: falta de recursos.

Bom, vamos a outros dados.

Cachoeirinha possui apenas 22 escolas de ensino fundamental, número muito abaixo da maioria das cidades gaúchas. O município, assim como todos os outros que fazem parte da união, recebe verba complementar federal originária do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Segundo o site da Confederação Nacional dos Municípios (disponível em: http://www.cnm.org.br/portal/images/stories/08012016_Valores_Fundeb_2016_RS.pdf) o valor destinado à educação no município é de 46.702.588,50 (entre impostos e complementação). Valores que são destinados exclusivamente para a área da educação.

E o prefeito Vicente Pires alega não ter dinheiro para pagar o salário dos professores.

Não precisa ser um contabilista ou economista para perceber que a conta não esta fechando.

Por isso, os cidadãos cachoeirinhenses e os municipários da cidade estão convocando o prefeito Vicente Pires a prestar contas do que está ocorrendo com os recursos do município.

Entretanto, até agora a resposta do prefeito tem sido o silêncio. Sequer recebendo os municipários em seu gabinete, na verdade, proibiu a entrada dos representantes do sindicato de ingressarem nas dependências da prefeitura.

Infelizmente esta não é uma realidade exclusiva da cidade de Cachoeirinha. Já que centenas de municípios brasileiros adotaram a mesma postura. Mas o que nenhum político que pratica tal procedimento covarde faz é justificar para onde os recursos estão sendo desviados.

Enquanto isso, o “presidente” Michel Temer já apresenta propostas de mudança nas leis trabalhistas onde o aumento da carga horária para 12 horas diárias é a primeira medida. Isso que a reforma previdenciária ainda nem começou.

Até quando aguentaremos políticos covardes e corruptos no comando de nossa nação? Ou alguém realmente acredita que a retirada de Dilma Rousseff da presidência era para conter a corrupção? 

J.Mercúrio
Professor da Rede Municipal de Cachoeirinha. Na luta pra receber o salário.